sexta-feira

Uma cor diferente

Abres a boca e comes
veste a roupa e sais
Andas entre outros e trabalhas
regressas de um dia cansado e dormes

Acordas a meio da noite e sais
indicas o caminho a outra gente
devias-te de um buraco e não cais
chegas a casa diferente

Percepção

quarta-feira

O momento


























As peles estão sôfregas húmidas por ainda não estarem despidas
Os dentes rangem por quererem ser os lábios que beijam
Seus olhos fixam o vazio e assim caiem nas mãos e no sexo de quem os tem

De fio a pavio liberta-se uma força e garra brutal,
E assim revelam-se batentes defeituosos naquele normal
corrimento de vários tortuosos explosivos toques de aprazimento

É tudo uma contradição
jurar ficar e não aguentar a pressão do que foi dito
Chamam-lhe amar, gostar e adoração
Mas o que é senão uma absolvição de todo o mal

O tempo passa e estende-se a capa do corpo que o envolve
e criam-se marcas de uma luta até a morte

Ocorrem trocas fluídas de organismos microscópicos
Que dão vida a um novo apogeu de um gigante de inimaginável porte

Ali és capaz de aguentar tudo
e do silencio mudo vem o som
o som de entre o seios do mais belo corpo desnudo
o corpo do maior amor do mundo

terça-feira

inverossímil










Quero e fujo
sinto e vou

Voando por ai
avisto alvos
e dou cabo deles
enquanto sinto o vento
a meu favor
continuo por cima enquanto posso
assim continuarei
e o sabor...


Há, como me apetecia algo diferente
sair deste lugar
quente e frio
é tão divergente
tanta pedra
tanta gente
basta um olhar e entramos de frente
e lá vou correndo para a porta de traz
a meio do caminho
encontrei um rapaz
espetou-me um soco
e eu não fui capaz
de me manter em pé


Imagino uma saída daqui fulminante
quero perder o que ganhei
exasperante é a culpa que sinto
e nisso eu fui rei
coroei acções mal feitas
eu mesmo desejei o meu reino de volta
por um futuro prospero que eu assassinei

Vai e vem

Memória vai
Memória vem
o tempo cai
e como quem
não quer a coisa
a mudança transforma


É bonito contemplar o bonito
Mas não dá para viver assim
não se pode alimentar este delito
O tempo não espera para te apanhar
e quando pensas que o podes deixar passar
Ele já te apanhou
enquanto não olhavas
e tu pensavas que ias lá ficar?
onde tu estavas?

Onde estás tu agora?





segunda-feira

Cantamos assim

Felizes ficamos
os perdidos e achados
nós deixamos
e juntos nos fizemos assim

Não foi obrigado
foi sentido e com vontade
não foi exagerado
foi o que foi

Passado...